Alex Dowsett não conseguiu bater o recorde da hora, mas está “orgulhoso” de si: “O maior falhanço teria sido não ter tentado”
O Record da Hora é um dos feitos mais importantes do ciclismo. Pouquíssimas pessoas, entre elas o maior ciclista da história, Eddy Merckx, possuem esse título.
O recorde da hora é a maior distância percorrida sobre a bicicleta numa hora, prova geralmente realizada num velódromo.
Primeiros recordes
Henri Desgrange foi o primeiro em acometer o repto do recorde da hora, em 1893 em Paris.
O ciclista britânico, de 33 anos, tentou percorrer, num velódromo em Aguascalientes (México), uma distância superior aos 55.089 quilómetros que o belga Victor Campenaerts fez em 2019, recuperando assim um recorde que foi seu durante menos de um mês em 2015.
Alex Dowsett não conseguiu bater o recorde da hora, mas está “orgulhoso” de si: “O maior falhanço teria sido não ter tentado”
O ciclista britânico percorreu 54.555 quilómetros num Velódromo em Aguascalientes (México), abaixo dos 55.089 quilómetros do máximo estabelecido pelo belga Victor Campenaerts em 2019.
Mas Dowsett conseguiu o "mais importante", que era "despertar consciências para a hemofilia", a doença de que sofre, mostrando que "qualquer pessoa com esta condição pode tentar"
COMO FOI
Dois homens e uma estrutura seguram um homem que está em cima de uma bicicleta, vestido com um equipamento desenhado para ser amigo da aerodinâmica.
Naqueles instantes, Alex Dowsett respira fundo e prepara-se para 60 minutos de "sangue, suor e lágrimas", o nome do evento que organizou num velódromo em Aguas calientes, no México, com o intuito de bater o recorde da hora. Ou de o recuperar, visto que havia sido seu entre 2 de maio e 7 de junho de 2015.
Sessenta minutos depois, o britânico conseguira percorrer 54.555 quilómetros, mais do que a sua marca de 52.937 quilómetros de 2015.
Mas menos 534 metros do que o recorde da hora, obtido pelo belga Victor Campenaerts, capaz de fazer 55.089 quilómetros em 2019.
Depois de dar 218 voltas ao velódromo, Dowsett vai deixando de pedalar, à espera que a velocidade daquela estranha bicicleta sem travões abrande e lhe permita desmontar. O britânico abana com a cabeça e, quando sai de cima da máquina, os gestos de descontentamento são atropelados pela visão de um homem exausto: rosto vazio de energia e pernas que mal se mantêm de pé, sendo ajudado pelo seu treinador, primeiro, e pelo sua mulher, depois, a caminhar.
Não havia nada mais dentro de Alex para dar.
Quando o ciclista britânico, vencedor de duas etapas do Giro e seis vezes campeão de contrarrelógio do seu país, se senta, volta a abanar a cabeça e a mostrar descontentamento por não ter conseguido o recorde.
Mas rapidamente chega ao pé de si uma recompensa bem maior. A pequena Juliette, a sua filha, aproxima-se de si nos braços da sua mãe, Chanel, a mulher que o ajudou na organização do evento.
Ambas se agarram a Alex, homem de cara exausta que olha para a sua filha enquanto esta lhe sorri.
Juliette não entenderá bem o que se passa, mas vai dando o maior dos troféus ao pai, em forma de carícias e ternura infantis. Alex esfrega as mãos na cara regularmente, talvez pelo cansaço, talvez pela desilusão, mas a mulher vai tratando de dar-lhe palavras de conforto.
Após a corrida, ainda com a filha ao colo, Dowsett pega num microfone e, com a voz a não esconder os sinais de quem não guardou quaisquer reservas de energia, expressa o que lhe vai na alma. E começa por "dar os parabéns" a Campenaerts pela manutenção do recorde, agradecendo o "apoio" do belga ao longo dos últimos tempos.
E, apesar de não ter conseguido superar a melhor marca de sempre, Alex garante que a tentativa "foi um sucesso": "Queria ver até onde conseguia ir e 54.555 é o mais longe a que consigo chegar. Coloquei tudo de mim nisto. Estou orgulhoso de mim", assegura o ciclista que, na estrada, corre pela Israel Start-Up Nation.
No entanto, Dowsett não deixa de vincar qual era o seu objetivo "mais importante": "aumentar a consciencialização para com a hemofilia e outras doenças semelhantes". Alex tem hemofilia e, graças à medicação e ao apoio dos pais, conseguiu escrever uma carreira de sucesso no desporto. Através do seu exemplo e da sua associação, a "Little Bleeders", pretende apoiar os mais jovens com a doença a terem uma vida ativa, incentivando os pais a criarem os seus filhos com hemofilia "fora de um casulo de protecção".
"A grande mensagem para os jovens com hemofilia é que qualquer pessoa com esta condição pode tentar, qualquer pessoa com uma adversidade pode tentar. O maior falhanço teria sido não ter tentado. Foi uma viagem enorme até chegar aqui", disse o atleta.
Maximiliano Anarelli de Souza e blogueiro e ativista da causa das pessoas com hemofilia; Editor de Hemofilia NEWS Blog, Diários de um Hemofilico de bem com a vida e Diários de mães com H; Estamos no Instagram, Facebook e YouTube.
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