O fator VIII é um componente do sangue que falta nos portadores de hemofilia A. Para suprir esta deficiência, o Centro de Terapia Celular da USP criou uma nova tecnologia para a produção do fator VIII recombinante.
Esta inovação acaba de receber do governo dos Estados Unidos a patente para sua produção internacional.
Segundo os pesquisadores do CTC, trata-se de uma plataforma totalmente desenvolvida nos laboratórios da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto e que permite a fabricação de um produto mais seguro (livre de potenciais viroses humanas), com custo reduzido e muito mais estável que os disponíveis no mercado hoje em dia.
O novo fator VIII recombinante é produzido em células humanas, enquanto os produtos comerciais usam células murinas (células de camundongos), este é um diferencial importante para os especialistas, pois “a produção em células murinas gera uma proteína com diferenças em relação à encontrada no plasma humano”.
Segundo Virginia Picanço Castro, pesquisadora do Hemocentro, a produção realizada em células humanas é capaz de gerar uma proteína idêntica à proteína do plasma humano. “O resultado é uma melhor eficácia do produto e menos efeitos colaterais, como formação de anticorpos contra a proteína recombinante”. Reconhecimento e proteção internacionais.
A importância da patente norte-americana, dizem os pesquisadores, está no reconhecimento internacional da inovação tecnológica da plataforma desenvolvida pelo CTC.
O fator VIII recombinante ribeirão-pretano é produzido em células humanas, ao contrário das demais (nacionais e internacionais) encontradas hoje no mercado.
Também importa para a equipe da USP o fato da “patente americana ser uma salvaguarda para que a plataforma de produção desenvolvida pelo CTC seja reconhecida e protegida internacionalmente”.
No Brasil, o Ministério da Saúde já havia aprovado o uso do fator VIII recombinante para o tratamento da hemofilia A em 7 de março de 2013.
Segundo o órgão, antes dessa decisão, o país havia gasto R$ 522 milhões na importação de fatores VIII nos anos 2011, 2012 e primeiro trimestre de 2013.
O Centro de Terapia Celular da USP é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que fica na Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto.
O grupo é coordenado pelo professor Dimas Tadeu Covas, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e desenvolve há 15 anos pesquisas relacionadas à produção de fator FVIII e FIX (relacionados à coagulação), utilizando células humanas.
Os pesquisadores Dimas Tadeu Covas, Elisa Carbolante, Kamilla Swiech e Virginia Picanço Castro foram as responsáveis pelo desenvolvimento do trabalho.
A plataforma está registrada no United States Patent and Trademark Office sob o número US 8,969,041 B2, com validade até 19 de janeiro de 2032.
Gestor de Difusão – Centro de Terapia Celular – CEPID Ribeirão Preto).